22 de outubro de 2011

"A política nasceu comigo"




Chama-se Ana Manuel Barbosa e tem 21 anos, gosta de música e adora viajar, mas assume-se uma "apaixonada pela política".




“Desde cedo que frequento ambientes políticos”, afirmou Ana, que atribui todo o gosto pela política ao seu avô materno a quem era muito chegada em pequena, “ o meu avô materno, era formado em Direito e professor universitário, dava aulas de Filosofia, Política e História. Contava-me imensas coisas sobre os acontecimentos reais do nosso país, era a forma que ele arranjava para me contar histórias”.

"Desde cedo que frequento ambientes políticos"

Aos 14 anos, Ana pertencia já a uma juventude partidária. O seu percurso ficou marcado pela passagem na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro na licenciatura em Ciências da Comunicação, mas depressa percebeu que “deveria arriscar para aquilo que a completava”, e ao fim de um ano entrou em Ciência Política em Lisboa, onde ainda se encontra.
“Fui para Lisboa para conhecer mais e melhor da área de que gosto, quer a nível teórico quer a nível prático, embora hoje tenha noção de que essa ideia está mais próxima de uma miragem! No entanto, pretendo tentar.”
Relativamente ao estado atual da política, Ana admite que “todos somos os culpados” e que “tudo isto resulta de muitos anos de erros e decisões mal tomadas”.
“Com a globalização o mundo torna-se muito mais consumista, gastando, inovando, comprando, usando sem se aperceber da quantidade de coisas até à data não necessárias que acabavam por consumir” afirmou a jovem de 21 anos, acrescentando que o nosso país “teve políticas mal pensadas a longo prazo, e que levaram ao ponto de rutura atual”. Para Ana falta “transparência e clareza na política portuguesa”, mas acima de tudo “uma afirmação de que as coisas estavam mal”.
 “Posso culpar o governo anterior, não por ser de direita nem pertencente a um partido que nada tem a ver com o PS, mas sim como cidadã”, afirmou, “para mim o governo anterior passou por um período de “negação” que nos conduziu ao caos, mas nunca é fácil afirmar que se errou, admitir que as coisas estavam mal feitas veio tarde de mais e as medidas adoptadas para emendar esses erros não foram as mais corretas”.
A jovem estudante de Ciência Política reconhece que obrigar os portugueses a “apertar o cinto custa muito”, mas “ tem de ser assim, para que no futuro as coisas voltem ao normal”. Para Ana Passos Coelho e o seu governo vão ter uma “tarefa injusta, e de uma forma ou de outra será penalizado” porque, como ela própria assumiu, “não é fácil elogiar um governo que nos impõe medidas que nos sufocam a cada dia, mas não há outra solução”.

"Apertar o cinto custa muito"

Tal como a grande maioria dos portugueses, Ana Barbosa assume a sua posição de desacordo em relação a todas estas medidas, porque “muita coisa podia ter sido feito de outro modo”, mas por outro lado, acredita que “ não estamos a ir por um mau caminho”.
“Acredito que se fossemos perguntar diretamente aos portugueses o que preferiam, se pagar mais impostos ou perder o emprego, ninguém iria responder que preferia perder o emprego, por isso acredito que é preciso sacrificar um pouco a aumentar ainda mais os números do desemprego”, esclareceu.
Com os pés bem assentes na terra a jovem acrescentou que também ela está a passar por todos estes medos do futuro, é estudante e desconhece o seu futuro, desconhece o dia de amanhã. “Estou a acabar um curso sem perspetivas de emprego fixo e assusta-me pensar como me vou sustentar depois. Vemos inúmeras medidas todos os dias a surgir, por isso prefiro pensar que mais tarde vão valer a pena. E acredito que cortar na despesa para ajudar na produtividade, é o que tem de ser”.
Membro da Juventude Popular, nas últimas legislativas, Ana acompanhou Paulo Portas e viveu na primeira pessoa as controvérsias de uma campanha política por um país que acredita cada vez menos nos seus governantes. “Foi uma campanha em cheio e sem dúvida que valeu a pena! Adorei e pretendo repetir. É algo que faço com todo o gosto e com muito amor à camisola”.
Numa campanha que ficou marcada por acusações entre partidos, a jovem explicou que “é totalmente diferente seguir as coisas na realidade do que assistir através dos meios de comunicação”. Para Ana “foi uma experiencia muito enriquecedora. Na estrada assistimos a diversas realidades, aprendemos a lidar com os problemas reais e com aquilo que se passa em todo o país. Temos contato com as pessoas, o que é extremamente importante, e também vemos de tudo, o que nem sempre é fácil”.
Ao lado de vários jovens que como ela abraçam os ideais do Partido Popular de Paulo Portas, percorreu o país de lés-a-lés. Ouviu “elogios e críticas”, passou por “situações fáceis e outras em que é difícil gerir a tensão” mas, por outro lado, percebeu “como as pessoas vivem e aquilo que pretendem do nosso partido”.

"...vemos de tudo, o que nem sempre é fácil"

A jovem descreveu a campanha como “cansativa” porque segundo ela, “correr o país em duas semanas não é fácil. Mesmo nas campanhas locais é desgastante porque são muitas horas sem parar”, mas ela própria afirmou que estas legislativas foram “um misto de emoções que se sentem e no final é óptimo ver o esforço a ser recompensado. E estas eleições foram históricas devido a toda a situação”.
Quando questionada sobre o seu político de eleição, Ana afirmou que por umas razões ou por outras, identifica-se “com alguns”, mas “puxa a brasa à sua sardinha”, revelando que se “identifica bastante” com o líder do seu partido, Paulo Portas e com o eurodeputado Nuno Melo.
Mas é com orgulho que Ana Barbosa fala sobre alguém que a marcou desde cedo, alguém que não teve “a felicidade de ver actuar”, aquele “com quem se identificou desde cedo pela sua forma de pensar e de ver as coisas”. “Adelino Amaro da Costa era uma pessoa que os meus pais admiravam ao máximo, talvez por influência deles, estudei um pouco do seu legado e desde sempre foi um marco para mim, e alguém cujo nome faço sempre questão de lembrar”.
Relativamente ao futuro da política, a jovem acredita na “mudança do estado do país", acredita que "a nova geração de políticos pode alterar muita coisa” mas também admite que esta mudança tem “que ver com inúmeros fatores”. Apesar de acreditar na mudança, a jovem também acredita que “depois de toda esta situação económica, as pessoas começam a aperceber-se de muitas coisas e têm a todo o custo de se habituar a um novo estilo de vida” acrescentando que “aqueles que agora começam a integrar-se nos quadros políticos acabam por ver as coisas de forma diferente”. 
A jovem do Partido Popular assumiu que “é fácil pensar numa forma de melhorar as coisas” o que fica mais complicado “é aplicá-las” o que na opinião dela é “muitas vezes impossível”.
“Seria quase necessário apagar tudo o que se fez e recomeçar do zero mas isso não é assim tão linear e é como disse impossível de aplicar. Seria preciso uma reciclagem total a nível de mentalidades para conseguir alterar a 100% as coisas. Mas tenho esperança que aos poucos tudo melhore e caminhe em direção ao rumo certo. Não gosto é de iludir ninguém de que isso será uma tarefa fácil”.
No que ao seu futuro diz respeito, Bé, como é carinhosamente apelidada por amigos e família, não tem dúvidas de que tem “objetivos para alcançar”, entre a música, as viagens e tudo o que a faz feliz, Ana imagina-se a fazer algo ligado “ao Estado, quer seja cá ou lá fora, a nível de administração, de banca ou mercados”, admitiu o seu gosto pela “parte financeira e económica” e por isso pensa que deve ser nessa área que trabalhará futuramente, “fazendo também uma parte ligada à análise da opinião pública”. “Mas algo que tenho a certeza de querer fazer é dar aulas na universidade. Tentarei, espero conseguir…”
Ana revelou que irá sentir-se “realizada no dia em que conseguir mudar a cabeça de uma pessoa”.
“O desejo que tenho é ser feliz, desde que assim esteja, não importa aquilo que faça…”



Sara Carvalho

13 de outubro de 2011

O Acordo gera desacordo



O que para muitos é apenas uma questão de “poupar letras em tempo de crise”, para outros é “o aniquilar da identidade portuguesa”.

Que o Novo Acordo Ortográfico divide opiniões não é surpresa, mas e se lhe dissermos que em pleno Complexo Pedagógico da UTAD apareceu, por mistério, um protesto contra as novas regras de escrita?

As opiniões dividem-se, e entre alunos, professores e funcionários encontramos quem esteja de acordo com o protesto e defenda “que já o deviam ter feito há mais tempo”, outros questionam a razão “para tal escabeche” e há ainda quem pense que o motim “não leva a nada, mas incentiva à liberdade de expressão”.

O que gera tanta controvérsia é a razão para tal protesto. Apesar das medidas implementadas pelo Novo Acordo não agradarem a gregos e troianos, ou melhor, portugueses e brasileiros, a verdade é que, no Complexo Pedagógico, poucos encontrámos que defendam as novas regras ortográficas.

Se uns afirmam que “há línguas mais importantes no mundo sem Acordo, a funcionar na perfeição”, outros apelidam a situação de “ridícula”, onde Portugal passa de “colonizador a colonizado”. No outro lado da balança, esquecendo os gordinhos da SIC, há quem acuse os opositores ao Acordo de ter “visão em túnel”.

Os responsáveis pelo protesto continuam por descobrir, se o motim irá fazer mossa, também não sabemos. A verdade é que o Acordo já se encontra em vigor e os nossos avós sempre disseram que “se não os podes vencer, junta-te a eles”!

Sara Carvalho, Milene Fernandes e Daniela Morais (Trabalho realizado em virtude da disciplina de Laboratório de Jornalismo II)