17 de novembro de 2011

8 anos de Fátima Felgueiras


Fátima Felgueiras

Fátima Felgueiras é uma política bem conhecida de todos os portugueses. Nasceu no Rio de Janeiro a 21 de Abril de 1954 e foi entre 1997 e 2009 a presidente da Câmara Municipal da cidade de Felgueiras, distrito do Porto.
Tinha apenas quatro anos quando veio para Felgueiras, onde os seus pais, emigrantes portugueses, se fixaram.
Frequentou o Externato Dom Henrique, o Liceu Nacional de Guimarães e a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Filologia Germânica. Apesar de ter chegado a iniciar a carreira de professora, foi em 1979 que iniciou a sua carreira política, quando foi eleita deputada nas listas do Partido Socialista para a Assembleia Municipal de Felgueiras. Dez anos depois tornou-se vereadora na Câmara Municipal e em 1995 assumiu o cargo de presidente, sendo reeleita em 1998 e em 2001.


O caso do “Saco Azul”

Enquanto presidente da Câmara Municipal, Fátima Felgueiras foi constituída arguida a Março de 2000 pela prática de vários crimes, mas só três anos depois, em Janeiro de 2003, a autarca foi detida no seu gabinete da Câmara Municipal de Felgueiras, em cumprimento de mandatos emitidos pelo Procurador da República de Guimarães.  A autarca foi então conduzida ao tribunal local, onde foi presente ao Juiz de Instrução Criminal da comarca de Felgueiras.


Com a concreta imputação à autarca da prática de 28 de crimes entre peculato, corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, administração danosa, abuso de poder e crimes fiscais, e de ter lesado o município em 788.750 euros em contratos alegadamente viciados com a empresa Resim e em viagens ao estrangeiro. Na altura pensava-se estar a chegar ao fim a investigação daquele que é o maior caso de corrupção ao nível financeiro de partidos políticos até hoje investigado em Portugal.

Em causa neste processo está um "saco azul" do PS, mas também as relações contratuais da autarquia com diversas empresas e o licenciamento de obras particulares, tudo com estreitas ligações às contas do partido. Além de Fátima Felgueiras, o inquérito contava, já na altura, com mais doze arguídos, entre atuais e antigos autarcas, gestores e empresários.

A autarca sempre se declarou inocente mas a Maio de 2003 um juiz emite uma ordem de prisão preventiva por recear a fuga da Fátima Felgueiras, mas poucos dias depois já o paradeiro desta era incerto. O advogado de defesa, Artur Marques, o mesmo que dias antes teria desmentido a hipótese de fuga, foi o mesmo que convocou uma conferência de imprensa para divulgar a posição da autarca socialista, que mais tarde viria a ser cancelada, quando já Fátima Felgueiras estaria em fuga. Poucos dias tinham passado desde que o tribunal decretara a prisão preventiva quando a Polícia Federal do Brasil confirmou a chegada da autarca ao aeroporto do Rio de Janeiro.

Após algum tempo de silêncio no Brasil, Fátima Felgueiras dá uma conferência de imprensa onde, segundo o Publico se refere à sua fuga como “ uma maneira de se defender em liberdade de uma montagem maquiavélica”.

No fim de 2004 começam a ser ouvidas as testemunhas do caso do “Saco Azul” e em 2005 Fátima Felgueiras regressa a Portugal mas é detida quando ainda estava no aeroporto da Portela. Nesse dia a autarca entregou no tribunal um um requerimento a solicitar a alteração do regime de prisão preventiva a que foi sujeita em Maio de 2003, data em que fugiu para o Brasil.

Segundo o Publico,  no requerimento a autarca relembrou que “o inquérito estava terminado, pelo que não pode nele intervir; assinala que já não governa os destinos da Câmara, dado ter renunciado ao mandato; e usa o argumento de que regressou voluntariamente do Brasil para "provar a sua inocência" em tribunal”.

Ainda antes do julgamento, a autarca anuncia a sua candidatura como independente à Câmara de Felgueiras nas eleições autárquicas a realizar a 9 de Outubro de 2005 com a justificação de que queria “responder ao apelo dos munícipes e porque não tem por costume baixar os braços”. Fátima Felgueiras continua a insistir na sua inocência e a 9 de Outubro é reeleita como Presidente da Câmara de Felgueiras através do movimento Sempre Presente.

Em 2006 o tribunal mantinha as acusações a Fàtima Felgueiras e refutando o recurso apresentado pelo advogado que pedia a realização de um novo debate instrutório. Passados dois anos, mas concretamente a 7 de Novembro de 2008, a autarca foi condenada apenas por três dos 23 crimes de que era acusada no processo “Saco Azul”, sendo condenada a três anos e três meses de pena suspensa com perda de mandato.

Já em 2011 os juízes desembargadores do Tribunal da Relação de Guimarães consideraram que um dos crimes de peculato e um de abuso de poder já se encontravam prescritos, relativamente ao outro crime de peculato a Relação ordenou que o processo regressasse à 1º instância para ser apreciada uma alteração dos factos. Pouco tempo depois foi condenada a um ano e dois meses de prisão com pena suspensa, ficando ainda obrigada a devolver à autarquia 16.760 euros de honorários pagos pelo município ao advogado brasileiro.
Recentemente, a 1 de Julho de 1011, Fátima Felgueira foi absolvida de todos os crimes de que era acusada no âmbito do processo conhecido como "saco azul". O julgamento ocorreu, por ordem do Tribunal da Relação de Guimarães que obrigou à repetição do julgamento.

9 de novembro de 2011