Por: Sara Carvalho
Aprendi a fazer requeijões, aquele soro a coalhar no cimo da panela
com aquele aroma característico de um bebé que acabou de bolsar, fez-me
pensar que não é só quando o bebé bolsa que cheira mal... Há muita coisa que deita cheiro!
Hoje fiz oitenta quilómetros. Há um mês atrás custavam-me pouco
mais de 10 euros, agora esses mesmos 10 euros não chegam. Se tentar fazê-los
com 10 euros, o mais certo será ficar pelo caminho.
É uma látisma o caos em que se tornou o nosso país. Um
pessimista dirá que daqui a alguns anos não haverá lucro para as
concessionárias nem para as petrolíferas. Um otimista (dos bons) tentará ver
pelo lado positivo e chegará à conclusão de que a obesidade em portugal poderá
ter os dias contados, uma vez que mais gente irá optar pela bicicleta, esse
exercício físico fará com que portugal se torne num país menos sendentário e
até, quem sabe, suba uns bons degraus em muitas sondagens da União Europeia.
Mas não é bem da prática desse exercício que devemos
louvar-nos. Portugal está a ficar um “expert” na ginástica dita de carteira,
aquela que teima em ficar vazia cada vez mais depressa, depois encher uns sacos
cada vez mais pequenos...
Enquanto almoçava ouvi na televisão que o Sr Ministro das
Finanças defende que devem ser aplicadas mais medidas de austeridade. Mais? Mas
diga-me lá Sr Ministro, essas medidas de austeridade são dirigidas a quem? A si
não deve ser com toda a certeza, de outro modo ( e sempre tendo em conta o
ponto de vista do otimista), já estaria em pele e osso.
Nós que ainda comemos carne e peixe, nós que ainda sabemos o
que é um copo de leite quente pela manhã, nós que conhecemos o aconchego de uma
boa cama e a frescura de um bom banho de imersão, não temos consciência que há
cada vez mais gente como nós que de um dia para o outro deixa de o ser.
O aumento dos preços, medidas de austeridade atrás de medidas
de austeridade, sempre em busca de um défice inalcansável... portugal está à
beira do naufrágio!
Resta saber se todos estamos preparados para a grande prova
de natação que se adivinha. Como diz um grande senhor “enquanto houver estrada
para andar, a gente vai continuar, a gente vai continuar”. Vamos ver é por
quanto tempo.
Nadará quem souber as técnicas especificas da modalidade, eu afundaria ;). Enquanto ao caminhar, nem todos terão a possibilidade de o fazer... o défice destrói vidas atrás de vidas deixando-as na miséria, mas a verdade é que de forma directa ou indirecta todos contribuímos para tal, por isso, se nadamos mal e nos afogamos, se caímos de cansaço a caminhar... a culpa também é nossa.
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